20/06/2012, por Daniela Costa Teixeira
Os alunos do nono, décimo primeiro e décimo segundo ano estão em época de exames. Para uns é apenas mais um teste aos seus conhecimentos que terá um pequeno peso nas avaliações finais. Para outros é a derradeira prova dos nove para um novo rumo. Como sempre, os exames não agradam nem a gregos nem a troianos e as queixas já começaram a ser feitas.
Começando pelos estudantes finalistas. Uma denúncia anónima deu conta da existência de estudantes do décimo segundo ano que tinham conhecimento do conteúdo de exame de Português
(639) antes de resolverem a prova. A denúncia foi feita ao Gabinete de
Avaliação Educacional (Gave), tendo a mesma sido reencaminhada para a
Inspecção-Geral de Educação e Ciência (IGEC). A denúncia afirmou que existiu uma fuga de informação que permitiu a estudantes de Guimarães e Fafe saberem via SMS que ia sair o canto VI de Os Lusíadas na
prova do 12.º ano. Quer os alunos quer os professores não têm qualquer
tipo de acesso aos exames nacionais antes do início da hora de
resolução. Cabe à PSP e GNR a entrega das provas que são colocadas num
cofre.
Os exames de Biologia e Geologia também já dão que falar. Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia afirmou hoje que o exame realizado ontem pelos alunos do 11.º ano parte “de suportes documentais excessivamente longos, complexos e de difícil interpretação, particularmente para o quadro conceptual de examinandos”. Em comunicado, a associação diz que o exame foi de difícil compreensão e teve “uma menor quantidade de itens que entendemos mais acessíveis, geralmente destinados a avaliar competências/conteúdos básicos da disciplina”. “Compromete o equilíbrio entre as avaliações internas e externas e até a aprovação na disciplina para alunos admitidos a exame com classificações mais baixas”, lê-se. Apesar de considerar um exame equilibrado, a associação não descarta a ideia de redução de conteúdos e programa presentes na prova.
Este exame já tinha causado problemas devido a uma má impressão gráfica em dois gráficos. No entanto, a GAVE afirmou que os erros de impressão não prejudicaram a leitura
da figura e procedeu à correção na versão on-line da prova. Os erros
“não têm qualquer implicação na resolução dos itens deste grupo”, afirma
o Gabinete de Avaliação Educacional.
Para
o ministro Nuno Crato “Há crianças que têm a lucrar com a leitura dos
testes, mas também há crianças que têm a lucrar com uma leitura autónoma
dos testes”.
Nas provas do ensino básico, o caso de uma aluna com dislexia está a marcar a época de exames. De acordo com o semanário SOL, a mãe de uma aluna de 14 anos que sofre dislexia viu recusada por parte do júri a hipótese da filha realizar os exames de 9º. ano numa sala separada com leitura do enunciado. Em comunicado a mãe afirma que “Irei entrar com um processo no Tribunal Administrativo para que seja resposta a equidade e a justiça em todo este processo, pedindo a este tribunal que remeta o processo para o tribunal Constitucional para que possa ser verdadeiramente analisada a legalidade destes actos”.
O processo escolar da aluna, de nome
Constança, conta com recomendações da escola, em Odemira, da terapeuta, e
um despacho favorável da Direcção Regional de Educação do Alentejo para
que seja atendido o pedido da encarregada de educação. O relatório
comprova que Constança é portadora de Défice de Atenção, Motricidade e
Percepção (DAMP) e Perturbação Específica do Desenvolvimento da
Linguagem (PEDL), que estão na origem da dislexia e da disortografia.
No mês passado, quando o caso foi tornado público, o Júri Nacional de Exames
disse que algumas escolas “generalizaram certas condições especiais de
realização das provas de uma forma pouco criteriosa, em particular a
medida leitura de enunciado por um professor”.
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