Os
exames nacionais vão continuar e contarão 25% na classificação final do ensino
secundário, num modelo de três exames em que Português é obrigatório e os
outros dois podem ser escolhidos pelos alunos.
As
alterações foram esta segunda-feira apresentadas pelos ministros da Educação,
João Costa, e da Ciência e Ensino Superior, Elvira Fortunato, em conferência de
imprensa, em Lisboa.
O
ministro da Educação justificou a opção pela necessidade de assegurar
medidas que permitam ajudar na "fiabilidade e equidade do sistema" e
com a "necessidade de continuar a aprofundar a complementaridade entre
avaliação interna e avaliação externa no sentido de uma valorização do ensino
secundário como um fim em si mesmo e não apenas como porta de acesos ao ensino
superior".
Por
sua vez, Elvira Fortunato frisou o trabalho "em articulação" entre os
dois ministérios e garantiu que o Governo não quer "criar qualquer
problema no acesso ao ensino superior".
Mas não só. Como
novidade há também agora "uma ponderação relativa das disciplinas na
classificação final". Isto significa, de acordo com o governante, que uma
"disciplina trienal pondera três vezes, uma bienal pondera duas vezes e
uma anual pondera uma vez, introduzindo uma maior justiça do peso do trabalho
realizado pelos alunos ao longo dos três anos" de ensino secundário.
O novo modelo de
conclusão do ensino secundário decidido entre os dois ministérios entrará já em
vigor para os jovens que estão agora no 10.º ano e, no próximo ano letivo, para
os jovens que ingressarão no ensino secundário.
Porém, quem está a
frequentar o 12.º ano neste ano letivo não vai ser afetado por estas mudanças.
"Não queremos alterar nada a meio do jogo", frisou o ministro.
Segundo João
Costa, a "necessidade de continuar a aprofundar a complementaridade entre
a avaliação interna e a avaliação externa no sentido de uma valorização do
ensino secundário como um fim em si mesmo e não como uma porta de acesso para o
ensino superior" foi a razão que motivou este novo modelo, que visa a
manutenção da obrigatoriedade de três exames nacionais.
Manuela Carlos,
presidente do grupo ETIC (Escola de Tecnologias Inovação e Criação) também
concorda com a decisão dos ministérios liderados por João Costa e Elvira
Fortunato, defendendo que" é absolutamente necessário que continue a haver
exames na escola secundária" para apreciar a evolução da aprendizagem dos
estudantes.
Contudo, Manuela
Carlos, atenta o cuidado que as tutelas deverão ter no combate às desigualdades
dos jovens no acesso ao ensino superior, especialmente nos alunos com menos
possibilidades financeiras ou que se encontram nos cursos de ensino
profissional.
"É importante
haver exames, mas parece-me que temos de ter cautela face a exigência da
avaliação. Se aumentar a exigência haverá muita desigualdade, especialmente
para os estudantes mais desfavorecidos que não conseguirão pagar explicações e
consequentemente ter acesso a algumas matérias de preparação para os
exames", diz. Logo, "há que ter atenção que normalmente os que são
mais prejudicados são os que têm uma capacidade financeira inferior".
A presidente da
ETIC considera que os alunos do ensino profissional deverão continuar a ter um
regime especial de acesso ao ensino superior, uma vez que "têm de
trabalhar para conseguirem alcançar os números dos restantes alunos."
"Os alunos
que vêm das escolas profissionais devem continuar a ter a oportunidade de
ingressar no ensino superior, com o mesmo rigor dos outros estudantes. É importante
que essa porta nunca se feche", conclui.
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