O Governo autorizou as escolas a contratar mais 250 funcionários para
o próximo ano letivo, cabendo agora aos
estabelecimentos lançar os concursos para a contratação, informou o Ministério
da Educação (ME) em comunicado.
O ME vai avançar com a contratação de mais 250 assistentes operacionais
para as escolas. Este reforço tem como objetivo responder a necessidades
prementes indicadas pelos estabelecimentos de ensino para o ano letivo de
2017-2018, à semelhança do que aconteceu há um ano, quando se procedeu a um
primeiro reforço de 300 destes trabalhadores. Caberá às escolas o procedimento
de contratação, com o respetivo lançamento de concursos”, lê-se no comunicado hoje enviado.
A contratação de mais assistentes
operacionais era uma reivindicação de diretores e sindicatos, que, ao longo do
último ano letivo, promoveram manifestações e greves, tendo por base essa
exigência.
Paralelamente, está, neste momento, em fase de conclusão a revisão da
portaria do rácio de alunos por assistente operacional - uma vontade há muito
manifestada pelas escolas - com a qual o atual Governo se empenhou”, acrescenta o comunicado da tutela.
O ministro da Educação, Tiago Brandão
Rodrigues, já tinha garantido em maio, no parlamento, que haveria no próximo
ano letivo um reforço do número de assistentes operacionais nas escolas.
Na mesma altura, a secretária de Estado
Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, referiu que a revisão da portaria de
rácios iria contemplar uma majoração na afetação de assistentes às escolas com
alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE), ter em conta o espaço
físico do estabelecimento e assegurar uma redução do número de alunos por
assistente.
No final de abril os sindicatos
representativos dos trabalhadores não docentes promoveram uma manifestação em
Lisboa, que terminou em frente ao ME, e uma greve nacional, que encerrou
centenas de escolas em todo o país, para exigir melhores condições, a criação
de uma carreira e a revisão da portaria de rácios, que determina o número de
funcionários a ser colocados nas escolas, dependendo do número de alunos do
estabelecimento e do nível de escolaridade em questão, entre outros aspetos.
Na altura, a Federação dos Sindicatos
dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, afeta à CGTP-In, que promoveu
a greve e manifestação, reclamou reclama a integração por via excecional, sem
concurso, de cerca de 2.000 funcionários que reúnem as condições para a
vinculação aos quadros do Estado.
Já antes, numa ação conjunta a Federação
Nacional de Educação (FNE) e a Federação de Sindicatos da Administração Pública
(Fesap) tinha exigido a integração de 3.000 funcionários as escolas.
Já os diretores escolares têm
frequentemente contestado o recurso a tarefeiros – funcionários contratados à
hora por um valor muito baixo – e assistentes em regime de contrato
emprego-inserção - através do Instituto de Emprego e Formação Profissional –
que dizem não estar vocacionados para o trabalho nos estabelecimentos, para
além da sua condição precária e frequente substituição, que prejudica a
continuidade no trabalho.
É "reforço signiticativo", mas
insuficiente
Entretanto, o secretário-geral da
Federação Nacional da Educação (FNE) classificou como “reforço significativo” a
contratação de 250 funcionários não-decentes para as escolas, embora o
considere “tardio e insuficiente”.
Em declarações à Lusa, o
secretário-geral da FNE, João Dias da Silva, considerou a medida positiva, mas
tardia e “insuficiente, porque as necessidades das escolas são muito maiores”.
Esta medida é positiva porque é indispensável, mas é tardia porque não vai
resolver os problemas logo no início do ano letivo”, uma vez que “os processos de contratação são demorados” e
têm de ser desenvolvidos pelas escolas, explicou.
Também “é insuficiente” porque seriam necessários 2.000 funcionários e,“ainda
não dá uma resposta definitiva a outros tipos de necessidades que surgem nas
escolas e que deveriam ser superadas através de bolsas de trabalhadores”,
defendeu João Dias da Silva.
Segundo o dirigente da FNE, estas bolsas
de trabalhadores iriam permitir substituir os funcionários que têm de faltar
por diversas razões.
São tão poucos os que existem nas escolas que a insuficiência traz sempre
dificuldades ao funcionamento das escolas”, frisou.
Fica "aquém das expetativas"
Jáo presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de
Escolas, Filinto Lima, também considerou positiva a contratação, mas advertiu
que fica “aquém das expetativas e das necessidades”.
Temos que ver nesta medida algo positivo porque as escolas públicas
portuguesas carecem, há alguns anos, de mais assistentes operacionais, mais
funcionários”, disse à agência Lusa Filinto Lima.
Contudo, acrescentou, “fica aquém das
expetativas e das necessidades dos diretores e das escolas”.
Lembro-me que no início do ano letivo a Fenprof dizia que faziam falta
6.000 funcionários, eu acho um exagero. Em novembro, o ministro atribuiu às
escolas 300 funcionários, acho que foi muito pouco. No meio é que está a
virtude”, comentou.
Filinto Lima considerou que se está a caminhar para “ter um número razoável
de funcionários”, mas ainda está longe das necessidades das escolas.
“Eu espero que a portaria de rácios, que
segundo o ministério está a ser ultimada, tente refletir o resto, que ainda é
bastante, das necessidades que as escolas têm de funcionários”, rematou.
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