Bateu à Porta

terça-feira, 6 de março de 2012

O acordo ortográfico e o futuro da língua portuguesa


 TEXTO DE :
Maria Clara Assunção

Tem-se falado muito do Acordo Ortográfico e da necessidade de a língua evoluir no sentido da simplificação, eliminando letras desnecessárias e acompanhando a forma como as pessoas realmente falam. Sempre combati o dito Acordo mas, pensando bem, até começo a pensar que este peca por defeito. Acho que toda a escrita deveria ser repensada, tornando-a mais moderna, mais simples, mais fácil de aprender pelos estrangeiros.

Comecemos pelas consoantes mudas: deviam ser todas eliminadas. É um fato que não se pronunciam. Se não se pronunciam, porque ão-de escrever-se? O que estão lá a fazer? Aliás, o qe estão lá a fazer? Defendo qe todas as letras qe não se pronunciam devem ser, pura e simplesmente, eliminadas da escrita já qe não existem na oralidade.

Outra complicação decorre da leitura igual qe se faz de letras diferentes e das leituras diferentes qe pode ter a mesma letra. Porqe qe “assunão” se escreve com “ ” e “ascensão” se escreve com “s”? Seria muito mais fácil para as nossas crianças atribuír um som único a cada letra até porqe, quando aprendem o alfabeto, lhes atribuem um
único nome. Além disso, os teclados portugueses deixariam de ser diferentes se eliminssemos liminarmente o “ ”.  Por isso, proponho qe o próximo acordo ortogrfico elimine o “ ” e o substitua por um simples “s” o qual passaria a ter um  unico som.

Como consequência, tambm os “ss” deixariam de ser nesesrios j  qe um “s” se pasar  a ler sempre e apenas “s”. Esta é uma enorme simplificasão com amplas consequências económicas, designadamente ao nível da redusão do número de carateres a uzar. Claro, “uzar”,   isso mesmo, se o “s” pasar a ter sempre o som de “s” o som “z” pasar  a ser sempre reprezentado por um “z”. Simples não  ? se o som   “s”, escreve-se sempre com s. Se o som   “z” escreve-se sempre com “z”.

Quanto ao “c” (que se diz “cê” mas qe, na maior parte dos casos, tem valor de “q”) pode, com vantagem, ser substituído pelo “q”. Sou patriota e defendo a língua portugueza, não qonqordo qom a introdusão de letras estrangeiras. Nada de “k”. 

Não pensem qe me esqesi do som “ch”.  O som “ch” pasa a ser reprezentado pela letra “x”. Algu m dix “csix” para dezinar o “x”? Ningum, pois não? O “x” xama -se “xis”. Poix   iso mexmo qe fiqa.

Qomo podem ver, j  elimin mox o “c”, o “h”, o “p” e o “u” in teix, a tripla leitura da letra “s” e tambem a tripla leitura da letra “x”.

Reparem qomo, gradualmente, a exqrita se torna menox eqívoca, maix fluida, maix qursiva, maix expontânea, maix simplex. Não, não leiam “simpl qs”, leiam simplex. O som “qs” pasa a ser exqrito “qs” u qe   muito maix qonforme à leitura natural.

No entanto, ax mudansax na ortografia podem ainda ir maix longe, melhorar qonsideravelmente. Vejamox o qaso  do som “j”. Umax vezex excrevemox exte som qom “j” outrax vezex qom “g”. Para qê qomplicar?!?
Se uzarmox sempre o “j” para o som “j” não presizamox do “u” a segir letra “g” poix exta ter , sempre, o som “g” e nunqa o som “j”. Serto? Maix uma letra muda qe eliminamox.

É impresionante a quantidade de ambivalênsiax e de letras inuteix qe a língua portugesa tem! Uma língua qe tem pretensõex a ser a qinta língua maix falada do planeta, qomo pode impôr-se qom tantax qompliqasõex?
Qomo pode expalhar-se pelo mundo, qomo póde tornar-se realmente impurtante se não aqompanha a evolusão natural da oralidade?

Outro problema é o dox asentox. Ox asentox só qompliqam! Se qada vogal tiver sempre o mexmo som, ox asentox tornam-se dexnesesáriox.

A qextão a qoloqar é: á alternativa? Se não ouver alternativa, pasiênsia.

É o qazo da letra “a”. Umax vezex lê-se “ ”, aberto, outrax vezex lê-se “ ”, fexado. Nada a fazer. Max, em outrox qazos, á alternativax. Vejamox o “o”: umax vezex lê-se “ó”, outrax vezex lê-se “u” e outrax, ainda, lê-se “ô”. Seria tão maix f sil se aqab semox qom isso! Para qe   qe temux o “u”? P ara u uzar, não? Se u som “u” pasar a ser sempre reprezentado pela letra “u” fiqa tudo tão maix fasil! Pur seu lado, u “o” pasa a suar sempre “ó”, tornandu at  dexneses riu u asentu. 

J  nu qazu da letra “e”, tamb m pudemux fazer alguma qoiza: quandu soa “ ”, abertu, pudemux usar u “e”. U mexmu  para u som “ê”. Max quandu u “e” se lê “i”, dever  ser subxtituídu pelu “i”. I naqelex qazux em qe u “e” se lê “ ” deve ser subxtituidu pelu “a”.  Sempre. Simplex i sem qompliqasõex.

Pudemux ainda melhurar maix alguma qoiza: eliminamux u “til” subxtituindu, nus ditongux, “ão” pur “aum”, “ães” – ou melho r “ãix” - pur “ainx” i “ ix” pur “oinx”. Ixtu até satixfax aqeles xatux purixtax da língua qe goxtaum tantu de arqaíxmux.

Pensu qe ainda puderiamux prupor maix algumax melhuriax max parese-me qe exte breve ezersísiu já e sufisiente para todux perseberem qomu a simplifiqasaum i a aprosimasaum da ortografia à oralidade so pode trazer vantajainx qompetitivax para a língua purtugeza i para a sua aixpansaum nu mundu.

Será qe algum dia xegaremux a exta perfaisaum? 
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