Bateu à Porta

terça-feira, 6 de junho de 2017

O projeto GEN10S

Os professores de informática mostraram-se hoje surpreendidos com o projeto que visa formar em programação 'Scratch' 5.000 alunos, lembrando que no âmbito da flexibilização curricular tinham preparado um currículo do 5.º ao 9.º ano com a mesma vertente.

projeto GEN10S, apresentado segunda-feira numa cerimónia que contou com a presença do primeiro-ministro e do ministro da Educação, visa "reduzir o fosso nas competências digitais e promover a igualdade de oportunidade na área digital entre os mais novos".

"Sabem programar em 'Scratch' e em diversas linguagens por blocos e código e estão nas escolas", recorda a ANPI, sublinhando que "não há um único estudo que mostre que a integração transversal das TIC [Tecnologias de Informação e Comunicação] chega a todos os alunos ou é realizada de forma a atingir níveis e percentagens que garantam a igualdade de oportunidades".
Sobre a igualdade de oportunidades, a ANPI diz ainda que "o 1º ano do projeto de programação no 1º ciclo (2015-2016) incluiu cerca de 27.000 alunos e chegava, apenas, a cerca de um terço das escolas" e questiona: "Só há 5000 alunos no 2º ciclo? Como se justifica a igualdade de oportunidades só para alguns?".
O projeto GEN10S, ao qual as escolas do 2.º ciclo se podem candidatar desde segunda-feira, é promovido pela SIC Esperança, em parceria com a associação espanhola Ayuda en Acción e a Google.org.
Em comunicado, os professores de informática dizem ainda não entender "como a tutela aceita uma situação vinda de entidades privadas a receitar o 'Scratch', que por acaso até é um recurso gratuito do MIT [Massachusetts Institute of Technology] , [que] pode ser usado por qualquer pessoa, sem ter de pedir autorização a estas entidades".
"Mas a gravidade está no facto de se estar a 'impingir' uma linguagem. Esta escolha sempre foi da responsabilidade do professor, tanto em contexto formal, como informal, sempre foi uma opção do professor conforme o cenário de aprendizagem, as condições da sala de aula e o projeto a desenvolver. Temos dúvidas sobre este processo", insistem.
"Afinal o que se pretende é desenvolver competências ou formatar os alunos para o 'Scratch'? Onde fica a tal flexibilidade curricular? E a autonomia do professor?", questionam os docentes de informática, que dizem sentir-se ultrapassados.
Na cerimónia de apresentação do projeto, na segunda-feira, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, destacou a importância de adquirir competências digitais, sublinhando que são "tão essenciais como ler, contar e até pensar".
"Não estar no digital, não ter as competências básicas no digital, marca, porque nos deixa excluídos de determinado emprego, mas também nos deixa excluídos de entender o mundo como ele verdadeiramente acontece nos dias de hoje", disse Tiago Brandão Rodrigues.
Salientou ainda a importância do digital como "instrumento de integração de toda a sociedade", uma competência que exige "uma resposta coordenada" para que ninguém fique para trás, nomeadamente os mais vulneráveis.
"Este movimento tem de reforçar a competitividade do país porque combate a exclusão social, mas também a exclusão económica e informativa", defendeu Tiago Brandão Rodrigues.
Lusa

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